quinta-feira, 4 de março de 2010

A INVEJA

Diferentemente da ira ou da gula, a inveja é uma condição emocional sorrateira.Ela queima como fogo de palha,por baixo,sem fumaça.A ira produz erupções violentas; a gula compromete nosso manequim; a preguiça faz nosso chefe reclamar; a luxúria nos afasta até da família mais liberal; mas a inveja dificilmente aparece, pois o comportamento de um invejoso não difere muito de um supercrítico, de um ressentido de uma mágoa antiga. Nenhuma dessas condições é, propriamente,inveja.Mas ela pode estar "orquestrando" a todas,por trás.Ela pode até mesmo produzir elogios e dar presentes.

Este último foi o caso de Saul, em relação a Davi. Saul entregou ao rapaz um comando em seu exército e lhe ofereceu sua filha em casamento - na esperança de fazê-lo "ir a óbito"(1Sm 18:5-29).

Como não sabe criar, o diabo distorce.

Então,para fazer a inveja ele corrompeu a admiração, transformando-a no segundo pecado mais daninho que o ser humano já provou. Diz-se que a inveja só perde para o orgulho, em poder de destruição.Corta para os dois lados: o do invejado e o do invejoso.

A inveja se compara sempre e sofre com o bem dos outros. Tudo começa com algo vindo de Deus: a capacidade de admirar.E nunca admiramos o trivial. Só a narcisista admira algo que ele próprio tem ou é. Admira-nos aquilo que não encontramos em nós mesmos,como artes,dons,beleza,inteligência,posses etc. Em especial,quando alguém nos "vence" em algum ponto forte.

É aí que o inimigo semeia a inveja,fazendo com que essa admiração nos faça sofrer,sem muita consciência da razão.Passo seguinte,inconscientemente desejamos "vencer" essa competição.Mas o inimigo não nos dá força para tal. Sugere-nos,ao contrário,o expediente de Caim.Ou o de Saul; com a língua no papel da lança.Ou,se precisarmos de ajuda,que fundemos a fraternidade dos "irmãos de José".

Sentir INVEJA É PECADO. Mas tornar-se invejoso é mais grave. Vemos em Pv 14.30 que ela nos faz adoecer: "a inveja é a podridão dos ossos".

A inveja dá à luz muitos filhotes: por exemplo,o ódio,a ira,o homicídio e uma infinidade de pequenas transgressões, com um só objetivo: humilhar ou destruir o invejado. Assim, surgem a difamação,a calúnia,o desmerecimento, a crítica destrutiva, a palavra amarga e uma indisfarçável alegria com o infortúnio do outro. Do "inimigo".

Resultado,esse pecado nos lança num mundo de trevas. Já não nos alegramos com o que temos ou somos ( a não ser que ninguém mais tenha ou seja); já não somos gratos(como pôde o Senhor abençoar essa criatura!?); já não somos edificantes, e sim desconstrutores.Vivemos a nos comparar com os outros. E nossa baixa auto-estima nos faz "admirar" as coisas boas que encontramos nos outros. E isso nos consome.

Mas nem tudo está perdido. Deus colocou recursos espirituais à nossa disposição para vencermos a inveja. Eis alguns: amor,gratidão,compaixão,misericórdia e lamento. Minha opção fica com o amor diligente. Um amor dinâmico,capaz de me transformar,pela atuação do Espírito de Deus. Ouça Jesus:"eu,porém vos digo: amai os vosso inimigos e orai pelos que vos perseguem". Ouça Paulo: "abençoai os que vos perseguem,abençoai e não amaldiçoeis". Ainda Paulo: "pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome,dá-lhe de comer; se tiver sede,dá-lhe de beber".

Se eu me descobrir invejoso e quiser mudar, buscarei o Senhor em meu quarto e lhe pedirei que me ajude a abençoar, a falar bem "pelas costas", a elogiar esse "inimigo". E pedirei mais: que Deus me dê a oportunidade e os meios (emocionais) de lhe "lavar os pés". Sabemos que, na medida da respota de Deus, a minha redenção se manifestará na forma de serviço a esse "inimigo". Sim, mais uma vez,da humilhação, da cruz, virá a VITÓRIA.

Abraços,

Fátima Ramos

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